sábado, 19 de dezembro de 2009


Ser uma mulher sedutora com alguns quilinhos a mais

Voltamos a falar sobre curvas e formas. De acordo com um estudo americano, 85 % dos homens solteiros preferem sair com uma mulher mais formosa, preferindo as mulheres com curvas àquelas com o corpo mais enxuto ou super magro (como aquele das modelos na passarela).

Estamos diante de um paradoxo, porque entre outras descobertas da pesquisa, foi revelado que 90 % das mulheres com alguns quilos a mais, pensam que os homens não se sentem atraídos pelas medidas generosas. Este discurso parece um velho conhecido, mas são exatamente as mulheres a provarem dificuldade em entender. Sentir-se bem consigo mesma é o primeiro passo para o prazer e para admirar-se. Uma mulher que se sente bela, consegue passar essa sensação até sem querer, transmitindo segurança e sensualidade, sem precisar recorrer a teatrinhos para chamar a atenção.

Uma mulher segura é incrivelmente sexy, atraente e com certeza saberá decidir o que quer da vida. Ser magra, até fazer saltar todos os ossos, é garantia de felicidade? O que precisa entrar definitivamente na nossa cabeça é que a feminilidade não é valorizada apenas por um belo vestido. Uma forma sem consistência é como um manequim na vitrine. Passou a estação, desaparece.

por Janaína Ávila

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

O Poder Desarmado de Heloneida Studart

Eu tinha 13 anos, em Fortaleza, quando ouvi gritos de pavor. Vinha da vizinhança, da casa de Bete, mocinha linda, que usava tranças. Levei apenas uma hora para saber o motivo. Bete fora acusada de não ser mais virgem e os dois irmãos a subjugavam em cima de sua estreita cama de solteira, para que o médico da família lhe enfiasse a mão enluvada entre as pernas e decretasse se tinha ou não o selo da honra Como o lacre continuava lá, os pais respiraram, mas a Bete nunca mais foi à janela, nunca mais dançou nos bailes e acabou fugindo para o Piauí, ninguém sabe como, nem com quem.

Eu tinha apenas 14 anos, quando Maria Lúcia tentou escapar, saltando o muro alto do quintal de sua casa, para se encontrar com o namorado. Agarrada pelos cabelos e dominada, não conseguiu passar no exame ginecológico. O laudo médico registrou "vestígios himenais dilacerados" e os pais internaram a pecadora no reformatório Bom Pastor para "se esquecer do mundo". Esqueceu, morrendo tuberculosa.

Estes episódios marcaram para sempre a minha consciência e me fizeram perguntar que poder é esse que a família e os homens têm sobre o corpo das mulheres.

Antes, para mutilar, amordaçar, silenciar. Hoje, para manipular, moldar, escravizar aos estereótipos.

Todos vimos, na televisão, modelos torturados por seguidas cirurgias plásticas. Transformaram os seios em alegorias para entrar na moda da peitaria robusta das norte americanas. Entupiram as nádegas de silicone para se tornarem rebolativas e sensuais. Substituíram os narizes, desviaram costas, mudaram o traçado do dorso para se adaptarem a moda do momento e ficarem irresistíveis diante dos homens. E, com isso, Barbies de fancaria, provocaram em muitas outras mulheres - as baixinhas, as gordas, as de óculos - um sentimento de perda de auto-estima.

Isso exatamente no momento em que a maioria de estudantes universitários (56%) é composta de moças. Em que mulheres se afirmam na magistratura, na pesquisa científica, na política, no jornalismo. E no momento em que as pioneiras do feminismo passam a defender a teoria de que é preciso feminilizar o mundo e torná-lo mais distante da barbárie mercantilista e mais próximo do humanismo.

Por mim, acho que só as mulheres podem desarmar a sociedade. Até porque elas são desarmadas pela própria natureza. Nascem sem pênis, sem o poder fálico, tão bem representado por pistolas, revólveres, punhais.

Ninguém diz, de uma mulher, que ela é espada. Ninguém lhe dá, na primeira infância, um fuzil de plástico, como fazem com os meninos, para fortalecer sua virilidade. As mulheres detestam o sangue, até mesmo porque têm que derramá-lo na menstruação ou no parto. Odeiam as guerras, os exércitos regulares ou as gangues urbanas, porque lhes tiram os filhos.

É preciso voltar os olhos para a população feminina como a grande articuladora da paz.

E para começar, queremos pregar o respeito ao corpo da mulher. Respeito às suas pernas que têm varizes porque carregam lata d'água e trouxa de roupa. Respeito aos seus seios que perderam a firmeza porque amamentaram crianças. Ao seu dorso que engrossou, porque ela carrega o país nas costas. São mulheres que imporão um adeus às armas, quando forem ouvidas e valorizadas e puderem fazer prevalecer a ternura de suas mentes e corações

Viva Rita Lee, que canta: "nem toda feiticeira é corcunda, nem toda brasileira é bunda e meu peito não é de silicone... sou mais macho que muito homem"

(Extraido do site GMaravilhosas)

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Quantos anos têm os seus sonhos?

Costumo dizer que tenho 37 anos, mas com uma carinha de 27 e o juízo de 15… E acho que todo mundo deveria ter esse tal juízo dos 15 anos.

Quando temos 15 anos, isso eu percebo hoje, temos em nós todos os sonhos do mundo, as paixões avassaladoras que nos fazem prender a respiração, a música que nos embala em nosso quarto antes de dormirmos e que nos faz ficar pensando no gato que vamos ver na escola no dia seguinte e o mais importante, vivemos o agora, sem muitas neuras em relação ao futuro.

Pois bem, é esse juízo que quero pra mim. Essa possibilidade de sonhar, de poder suspirar enquanto ouço aquela música que foi a trilha sonora de meu primeiro beijo… Ah, o primeiro beijo, que me foi dado por aquele moreno lindo por quem eu já havia sido apaixonada e que sem eu esperar me tirou para dançar e me fez descobrir o quanto de hormônios eu tinha.

Isso, é isso o que eu quero. Poder continuar sonhando, acreditar que a felicidade está ali, a minha espera. Quero acreditar que o mundo é meu, me jogar na vida, me permitir ser feliz sem deixar que o tamanho do meu corpo, ou a cor dos meus cabelos ou da minha pele possam ser obstáculos para que isso aconteça.

Quero um mundo colorido, do meu tamanho, cheio de descobertas, de surpresas, e com um moreno lindo que além de adorar um mulherão ainda vai me roubar um beijo e me fazer suspirar (tudo bem amigas, a cor do gato foi só para ilustrar, mas fazer suspirar é fato, né?)

Ah, quer saber, não é só meu juízo que é de 15 anos, os meus sonhos também. E os teus, quantos anos têm?

Por Keka Demétrio